sábado, 1 de novembro de 2008

Pessimismo


Um feixe de luz invade a barraca,
Silêncio ressalta o gorjeio d’aves,
Assombrosos grunhidos ditam graves,
Gralha, coruja, hiena, matraca.

Do alçapão celeste o sol tem as chaves,
Penetra a vista como ardente faca,
E o peso da vitalícia ressaca
É só mais um desses mortais entraves.

Me enjoa o cheiro de terra molhada,
A mesma ânsia de restos fecais,
E p’ra aumentar a minha frustração

Belos pássaros partem em revoada,
Mas não há no mundo o que me doa mais
Do que esse lindo dia de verão.

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