Já não consigo rir há muitos anos.
Perdi, pois, as ferramentas do ofício.
Penso: já a perdia desde o início
E não percebia por olhos tão lhanos.
Este riso que escorre em rosto afano,
Que cai por terra, por dor e por vício,
É um mero reflexo deste estrupício,
Deste arremedo e do viver leviano.
Vê a força enorme p’rum simples riso?
Vê a cara de dor que no fim faço?
Pra esconder, cambalhoto de improviso,
Enfio a mim no meu próprio regaço,
Emerjo então com o rosto etéreo e liso
E assim segue a vida do triste palhaço.
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