domingo, 23 de janeiro de 2011

A partida


Será que ela viu meu olho choroso
Por detráz do meu sorriso amarelo?
Viu ela no meu adeus o apelo
Angustiado de um peito já saudoso?

Derramou ela seu olho mimoso,
Molhando o gracioso rosto singelo?
Sangrou de tristeza o peito tão belo
Ao ver aquele adeus tão doloroso?

Enquanto eu, de pé na estação a olhar
A ida da minha amada senhora,
Não conseguia rir, nem mesmo falar.

Tanta confusão! só percebo agora
Que o trem que a conduzia de volta ao lar
Também levava meu sorriso embora.


3 comentários:

Matheus disse...

"Somente o tempo e a dor"
Novo video ainda vivo.

http://www.youtube.com/watch?v=zzsGmIDI8Boundul

Se ao menos eu pudesse fabricar a mais simplória canção de ninar,
ah eu dormiria para sempre, com o riso leve dos que sabem dormir diante do dia, de ver a mãe sair na ambulancia pra retirar um cançer e a namorada ficando com outro cara, pois, nas ruas ninguém se olha, mas todos esperam algo de algum lugar. Um meteoro, um dilúvio, qualquer coisa que as faça sacudir a carcaça para aceitar mais. E esperando envelhecemos distantes uns dos outros. E velhos nos tornamos cada vez mais parecidos.
Foi uma honra entrar o ano ao seu lado. Abraço.

Tarcila Santana . disse...

Nossa Maranhão, esse poema é lindo. Parabéns !

Nuriko disse...

"O trem que chega é o mesmo trem da partida. A hora do encontro é também de despedida."

Despedidas sempre são dolorosas, não é? Isso me lembra um poeminha de uma poeta que adoro:

"Quando você vai embora de nós
o pronome parte-se ao meio
você diz que só leva o s
e o que adianta?
se comigo sobra o nó
na garganta".