domingo, 4 de julho de 2010

O filho morto



Arrasta mulher, tua cria ao teu colo;
Derrama esta chuva negra em teu olho;
Molha a fronte do teu langue pimpolho;
Atira ao inferno qualquer consolo.

Espanta a morte por tamanho dolo;
Tange esta bilontra... Este trambolho
Que ceifa pueris almas molho a molho
E, Cruel, reclama tão amargo imolo.

Grita mulher, pois o abutre a rodeia;
Gane, grune, rosna, morde, golpeia;
Execra a odiosa encarnação de Caim.

Mesmo que, em teu vão desespero violento,
Prema com toda força o teu rebento.
Vê que é de ti levado mesmo assim.


3 comentários:

Anônimo disse...

Arrepiei...

Borboleta Bella!!! disse...

tanto sofrimento e ainda perde o filho...achei lindo esse poema e de uma linguagem rica e culta...parabéns!

Anônimo disse...

Tecer críticas a respeito de alguém, é sempre complicado. Temos o receio de que a pessoa fique chateada. Mas como você me conhece e sabe que sou uma pessoa muito sincera, lá vai:
-Não vou desejar que "as portas se abram" pra você, pois sei que você é competente o suficiente para não esperar isso acontecer, e ir à luta, bater, empurrar e, se for preciso, quebrá-la!!! Vc sempre faz um bom trabalho! As críticas, vou deixar outra pessoa responsável por isso.