quarta-feira, 18 de junho de 2014

Apneia



Ah, esse canto suado que de ti brota;
Esse beijo apneico, seco, mortal;
Esse rosnar delicioso, animal.
Ah, esse cheiro de sal, essa grota.

A garra voraz que a pele amarrota
Me agarra, me faz refém desse mal;
Me afunda, me inunda; num nó sensual
Geme, me espreme, me exaure, me esgota

Se afasta e olha com um riso indecente.
Com esse olhar soberbo o brio maltrata.
O hálito alvo, orvalhado... quente.

Exige assim rendição imediata.
Em luto, luto uma luta dolente
Com um ente imponente que, ao fim, me mata.



0 comentários: