quarta-feira, 27 de março de 2013

O que se é


Já não mais se é o que realmente somos.
É-se sim tudo que na vida temos.
Não se é mais o que, altruístas, demos. 
Hoje é-se somente a soma dos momos. 

Não se valoriza no mundo os pomos, 
Só a casca seca onde, secos, vivemos. 
Já não percebemos do barco os remos 
E donos do destino nos supomos. 

Tem-se tudo nesse mundo e é-se nada;
É-se pouco e pensa ser sempre mais;
Vive-se qual não haja nada além. 

Acha ser o prêmio desta jornada,
Não as virtudes que consigo traz,
Mas o pote d’ouro que ao fim se tem.


domingo, 24 de março de 2013

8 de março



Quem é este ser estranho q ora vejo
Deitada languidamente em meu leito?
Tão indefesa e imponente a seu jeito,
Com a rubra boca entreaberta – um gracejo

Este estranho ser que tanto desejo
Ter. No seu coração ser o eleito;
Sereia que tira-me o ar do peito;
Sua inebriante canção – um solfejo

Quem é esse ser estranho que consegue
Sem esforço – e que agora em si revele
A força letal de uma tempestade

Não existe neste mundo quem negue;
Ente que agrega sob a mesma pele
De uma brisa amena... a suavidade.