domingo, 29 de janeiro de 2012

Paz



Quando, à força, descermos dos palanques
Estes “figurões” que mandam no mundo
E um grito surgir do âmago profundo;
Na dor, abrirem-se os olhos estanques.

Quando não houver mais gentis ou ianques,
Plebe raquítica ou nobre rotundo;
Quando a religião for o Amor fecundo
E a vida surgir no musgo dos tanques.

Quando os líderes sentarem-se à mesa,
O ouro das guerras findar a pobreza
E olharmos com ternura os animais.

Quando unirmos o coração e a mente
E o medo for uma lembrança dormente...
Assim teremos, simplesmente... paz.

   

Minha fortaleza



Abre teus olhos meu herói querido;
Vê, não podes cessar teus passos ainda;
Levanta e encara essa jornada infinda;
Sacode este teu corpo combalido.

Talvez o momento haja nascido
De trilhares esta sorte mal-vinda
Que com um amargo veneno te brinda,
Enquanto bebes, à traição, há rido.

Ergue-te de novo por mim herói.
Não fazes idéia de quanto dói
Ver tua luz esmorecer indefesa.

Luta contra esse chão frio, congelante;
Tira essa dor horrenda do semblante;
Seja ainda meu pai, minha fortaleza.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Mar revolto



Navego num mar revolto
Com a ponta dos meus dedos;
Mesmo frente a tantos medos,
Emaranho os cachos soltos.

Desvendo, assim, teus segredos;
Me vejo em sonhos envolto;
De um profundo transe volto
E miro teus olhos ledos.

Em cinzas íris me afogo;
Em puro êxtase me ponho
Quando nas chamas me jogo

E sofro um queimor medonho;
Em cinzas me põe teu fogo
E definho neste sonho.