terça-feira, 19 de outubro de 2010

Penosos ais


Hoje sou metade do que era antes;
Uma nuvem ofusca o clarão do riso,
Rio apenas porque rir é preciso,
Mas me afogo em soluços sufocantes.

No peito, penosos ais incessantes
Ecoam no chão magmático em que piso.
Aos prantos, um insano riso, impreciso
Deforma minhas feições já minguantes.

Sobrevivo choroso pelos cantos
Escuros, buracos-negros da vida.
Anseio a paz melódica dos cantos,

Acalantos de uma lira esquecida.
Me observa, por uma fresta, aos prantos,
A felicidade... há tanto perdida.