sábado, 7 de agosto de 2010

Os beijos que não te dei


Os beijos que não te dei me consomem,
Legando um gosto amargo à minha boca,
E a saliva estanque que me sufoca
Rouba o viço da minha tez de homem.

Os beijos que não te dei, em mim somem
Como se a alma que eu tinha fora oca
E, olhando para o imenso vácuo, invoca
A ver, todos, as dores que a carcomem.

Dos beijos que não dei meus lábios secam,
Inerte, o coração já não acelera,
Mendigando lembranças sobrevive.

Meus olhos, em se fecharem, já pecam.
Sobretudo, há uma dor que dilacera:
Falta um pedaço meu que nunca tive.