quarta-feira, 22 de julho de 2009

Pecadores


Oh, pecador! Aonde vais tão aflito?
Cospes pudor em teu vão desespero;
Sinto tua dor, mas não ouço o teu grito;
Tanto temor no teu olho sincero.

Que face horrenda é esta que fito?
Não há quem defenda tal exagero;
Teu uivo desvenda um canto maldito;
Há quem repreenda teu choro austero.

Rogas compaixão e me compadeço,
E poderia ajudar-te, porém
Pagaria também um alto preço.

Pois todos os pecados que tu tens,
Embora doloroso, a ti confesso,
Consomem minha vil alma também.

Temer a Deus é o que precisa o homem


“Temer a Deus é o que precisa o homem.
No temer, é que nasce a liberdade.
Livrem-se dos males que a ti consomem;
Ouçam, pois, as palavras da verdade!”

“Vivam e a todos os pecados domem,
Honrem a sua “santa” castidade.
Apressa-te antes que os anjos tomem
Tua vida, sem a menor piedade!”

Teu desprezível ser sente-se bem
No teocentro de um ínfimo viver
E faz da tua própria alma refém.

De um ser humano, tu és só um remedo
Cismando lá no intimo do ser:
“Morrer no pecado ou viver no medo?”

segunda-feira, 13 de julho de 2009

O Gelo...


E lia um livro distraída.
Se ria; Enxugava a testa
E franzia a sobrancelha
E esquecera da vida.

Deu com a canela num acento.
Um poeta que ali estava
Acudiu logo apressado;
Gelo na mão na outra um ungüento.

Pediu permissão para por,
Sem resposta, passou o gelo
Com cuidado e zelo,
Anestesiando assim a dor.

Mas, como ia ela imaginar
Que o gelo do poeta,
Figura tão seleta,
Tanto pode anestesiar quanto queimar?

Rósea pétala


Roubo um beijo da rosa
e sinto seu espinho
com lábios feridos, sem carinho
busco outro beijo roubar
Pétalas rosadas e cheirosas
que mesmo já machucado
retiro o espinho cravado
e outro beijo vou buscar.