terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Quando?


Quando vou poder parar de lutar,
Parar de buscar, parar de sofrer.
Olhar no horizonte e saber
Que alentou-se este revolto mar.

Quando poderei rever o luar
Sem que, enquanto ergo me pra ver,
De traz das nuvens a lua aparecer,
Alguém se aproveite pra me matar?

Por favor, Deus, diga o que procuro!
Há tanto tempo venho vagando
Sofrendo nesse mundo tão duro.

Tuc!!! ....ahh.... que luz que há me levando?
Enquanto me despeço do escuro
Ao chão jaz meu corpo ‘inda sangrando
.

Solidão...


Solidão...
Sólido enorme
com suas formas disformes
sobre o meu coração.
Sufocado me encontro,
sem ar fico tonto
sem perder a razão.
Solidão...
Sólido enorme
com formas disformes
sobre o meu coração.


Quando eu morrer



Quando eu morrer ri minha flor
Não chores por mim, pois assim
Me comerá por dentro a dor,
Como pragas a um jardim.

Não derrames teu coração
Neste meu sepulcro odioso
Não derrames teu peito em vão
Não manches o olho tão mimoso

Quero tua íris qual a lua,
Não quero vê-la se afogar
Nos mares da tristeza tua
Náufraga à dor se entregar.

Quando eu morrer ri minha flor...


Ícaro


I

Morro. Teu sorriso criança levada
Levando-me cego pro teu olhar,
Olhando-me por sob a água parada,
Parando-me só à deriva no mar,
Mareando minha vista cansada,
Cansando-me de tanto te esperar

II

Em teus olhos explodem tanta luz,
Formam enfim um enfático farol,
Pondo o peito a teus pés como pus
Temo os baques do mar em caracol,
E cato com carinho a casta cruz,
Sonho, em ti, subir aos céus sobre o sol.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Lembranças de outra morte


O vento sopra na calma pradaria.
No topo observo toda a sua vastidão.
Pensava poder derrubar o sol com a mão,
Mas qual outro show divino assistiria?

Se há tempos a lua me foi roubada,
E os peixes já não saltam do riacho.
Pois não se vê mais vida lá embaixo
No fundo daquela terra desolada.

Se o que me resta é o teimoso vento,
Que de tão teimoso ameaça me arrancar.
Eu, só seca casca, e raquítica raiz.

Queria apenas que no derradeiro momento
Esse robusto vento viesse me levar.
Aí sim, poderia deixar a vida feliz.

Quisera...


Vil domingo que te vi linda senhorita.
Quisera eu não ter-te ali percebido,
Quanto maior ventura teria eu tido
Não visse a beleza que a uma deusa imita.

Ah, senhorita! Quisera ter eu sabido
Que nunca veria imagem mais bonita,
Em um misto de êxtase e alma aflita.
Feliz dor de ter e não ter o ser querido.

Hoje peno eu minha doce Carolina,
Pois o brilho do teu olho é minha luz guia.
Se viver de mudos gritos é minha sina

Bobo e encantado com tua maestria,
Sem provar do mel da tua boca de menina;
Quisera não ter acordado naquel’ dia.